sexta-feira, setembro 13

Agosto estival

Mesmo não estando no período de campanha eleitoral as máquinas partidárias estão quase a todo o vapor. Não apenas porque estamos a um mês das eleições e todo o tempo é pouco, mas porque a questão das impugnações e contestações a listas eleitorais autárquicas obriga a trabalho suplementar. Há decisões para todos os gostos e feitios, decisões diferentes proferidas pelo mesmo trabalho sobre as mesmas listas e ainda, veremos, a decisão final do Tribunal Constitucional.
Felgueiras não foi exceção. O Bloco de Esquerda, seguindo as mesmas orientações nacionais, impugnou a lista onde concorre à junta de freguesia. O PS Felgueiras, através dos seus candidatos, fez o mesmo, impugnando todas as listas onde houve União de Freguesias e o PSD apresentou como cabeça de lista, os anteriores presidentes de junta de freguesia. Entendeu o PSD, e na minha opinião bem, que passando a existir uma nova unidade territorial a questão da limitação de mandatos não se coloca. Dessa forma também o Tribunal Judicial de Felgueiras assim decidiu, prosseguindo assim as candidaturas. Até aqui tudo normal, não fora um pormenor. É que o PS Felgueiras, que impugnou as listas através dos seus candidatos, tem, nas suas fileiras um presidente de junta de freguesia recandidato, que atingiu o limite de mandatos, em que não houve União de Freguesias e, por isso, se encontra objetivamente impedido pela lei de ser elegível. Ou seja, o PS Felgueiras e o seu candidato Eduardo Bragança têm dois pesos e duas medidas, conforme seja sua, ou do adversário a candidatura, sendo que no caso do PS é uma clara violação da lei, uma vez que é na mesma freguesia (não houve união) e o candidato já atingiu o limite de três mandatos. O PSD Felgueiras não impugnou a lista do PS. Mas é esta a esquerda que temos; aquela que se acha dona da verdade moral e social, como escreve João Miguel Tavares na sua crónica do “PÚBLICO”. As discussões com a esquerda são sempre colocadas no plano moral, como se a decisão social da esquerda fazer algo é puramente sua competência e exclusividade e quando a direita as toma – e em Felgueiras tomou-as muito mais que a esquerda – é porque estão vendidos ao capital privado, a lóbis e interesses privados. E aí, passamos para a discussão de infantário onde se reivindica que as medidas foram poucas, ficaram aquém do prometido. Esse foi o mesmo princípio que Eduardo Bragança utilizou para votar contra (isso mesmo, contra) a atribuição de livros de forma gratuita aos estudantes do nosso concelho, alegando que ficava aquém do prometido. Isto é a mesma coisa que tendo sido prometidas fazer cinco estradas, se vote contra a construção da primeira porque não se constroem as cinco ao mesmo tempo. Não faz qualquer sentido, assim como o argumento do vereador socialista e agora candidato a gerir os destinos da câmara municipal, também não faz.

Vemos Portugal a arder de norte a sul, com os bravos guerreiros que são os bombeiros, mesmo completamente exaustos, a lutarem sem tréguas contra o crime que os incendiários cometeram. Até ao momento, e acabo de ouvir a notícia de mais um bombeiro que perdeu a vida, são já cinco os mortos de entre as suas fileiras. A todos os bombeiros e bombeiras deste país o meu sincero obrigado!
* Expresso de Felgueiras, 30 agosto 13

Nota: por lapso, referi que um candidato do PS atingiu o limite de mandatos numa junta de freguesia que não era alvo de agregação, quando na realidade atingiu o limite numa freguesia que foi agregada com outra. Apesar de não alterar a analogia que estava subjacente - que o PS defende nas suas fileiras uma coisa e tenta depois impugnar as candidaturas dos autarcas do PSD, alegando que estes não podem -, ao visado as minhas desculpas.

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