Foram empossados, no passado
dia dezanove, os membros da Assembleia Municipal e do Executivo Camarário. Foi
eleita a Mesa da Assembleia Municipal, tendo a presidência da mesma ficado a
cargo, como seria de esperar, do Dr. Rui Marinho, cabeça de lista pela
coligação Manter a Esperança. A cerimónia protocolar foi simples, sem luxos e
com uma sala cheia de convidados e população, que quiseram ver tomar posse,
aqueles que ajudou a eleger. Estas eleições representaram também uma mudança no
cenário político e administrativo do concelho. Ocorreu uma mudança
significativa no número de mandatos do executivo, uma vez que passaram de seis
para nove, por força do número de eleitores, e a questão da união das
freguesias. Tais alterações vão traduzir-se em implicações bem mais profundas,
na forma de fazer política do que inicialmente alguns poderiam pensar.
Desde logo o número de
mandatos para a Assembleia Municipal foi redefinido, passando os eleitos diretos
a ter mais representantes que os presidentes de juntas de freguesia que, por
inerência, têm assento na A.M., e por isso, presumo, haverá mais discussão
política e estratégica do que «faits
divers» que, infelizmente, o passado foi profícuo. Com uma reformulação
quase completa nas listas do PSD e PS, assim como a entrada de dois membros do
CDS, deseja-se que sejam evitáveis as cenas lamentáveis de algumas A.M., assim
como o passear de algumas vaidades pessoais. Por outro lado, com a união das
freguesias, os atuais presidentes de junta vão ter que juntar ao seu leque de
competências, mais uma: a diplomacia. Sabemos todos que esta questão da união
das freguesias está muito longe de ser uma solução perfeita, e menos ainda de
ter o consenso de todos. Por isso – e também pelas notícias vindas a público de
algum mal-estar das populações em tomadas de posse das freguesias – se espera
que os presidentes de junta exerçam um mandato justo, equilibrado quanto aos
seus fregueses e às medidas e obras realizadas. Todos sabemos que, com a união
de freguesias, algumas delas tiveram um peso maior na eleição dos executivos e
seria muito mau ver alguns presidentes de junta deixarem para segundo plano
alguma delas. Basta para isso, deixarem de prestar às populações os esclarecimentos,
ou a informação dos benefícios que podem usufruir. Foi isso que se constatou
durante a campanha eleitoral. Como é possível que não se façam chegar às
populações as informações dos benefícios que podem usufruir como, por exemplo,
a diminuição ou isenção das taxas de água e lixos, os apoios aos idosos, aos
estudantes? E isso acontece por falta de zelo dos eleitos ou com a intenção
declarada e preocupante de omitir para tirar dividendos políticos, prejudicando
objetivamente as populações? Independentemente da cor política da junta ou do
executivo camarário, o trabalho conjunto e a lealdade devem existir. Nenhuma
das ex-freguesias deverá perder a sua identidade, as suas tradições, as suas
gentes, devem antes fazer parte de uma grande união multifacetada de onde devem
ser aproveitados os melhores exemplos para a promoção local.
Em jeito de conclusão, o
concelho de Felgueiras tem a oportunidade de, em tempos difíceis e exigentes
como estes que o país atravessa, seguir na frente, na vanguarda, aproveitando o
que de melhor temos, com ações concretas e objetivas, com ambição, mas também
com um enorme sentido de responsabilidade de todos os atores políticos,
executivo e oposição, Assembleia Municipal e juntas de freguesia, saberem dar o
melhor que têm, sem pensarem numa qualquer data daqui a quatro anos.
* Expresso de Felgueiras, 28 outubro 2013