quinta-feira, setembro 19

Os felgueirenses sabem *

No meio de beijos, abraços e rasgados sorrisos, o candidato socialista Eduardo Bragança, que não é conhecido pela sua particular simpatia durante quatro anos, vai tentando fazer passar a ideia da sua preocupação com as populações quando passou um mandato a votar contra tudo o que eram medidas sociais com argumentos completamente alucinantes, enquanto vereador. Mas os socialistas não conseguem confiar em Eduardo Bragança. Enquanto tomava café, dizia uma senhora socialista há muitos anos e sobejamente conhecida na estrutura, que não concordava com uma série de coisas. Normal em democracia esta partilha de opiniões, em que eu não deixei de contribuir com um esclarecimento do assunto. Saindo as duas companhias de conversa, confessava-me ela que, neste candidato não votará. “Não confio nele” disse ela com o resto do café a ouvir acrescentando a sua incompetência e falta de preparação democrática ao rol de adjetivos, que não reproduzo. Explicou-me então que a ideia aparente de uma “união” socialista não existe verdadeiramente, sendo que, uma larga maioria dos que estiveram ao lado do movimento Sempre Presente, não votarão em Eduardo Bragança, dispersando os votos.
Para além de tudo isto, as contradições de Eduardo Bragança continuam nas suas promessas. Critica e vota contra enquanto vereador das medidas sociais, das medidas para as famílias, para os idosos, para as crianças que nem os livros escolares queria que se entregassem gratuitamente (medida que está a ser prometida apenas agora por esse Portugal fora e que em Felgueiras já existe há quatro anos) e agora vem prometer medidas sociais como se tivesse uma preocupação com as pessoas. Por um lado critica a falta de “grandes obras” – esquecendo os quilómetros de saneamento e água, os muros, os arruamentos, o alargamento de dezenas de caminhos, mas também a execução de obras como a Casa das Torres em que houve zero euros de desvio e um atraso de uma semana na entrega da obra, ou a conclusão de centros escolares onde faltava quase tudo, incluindo projetos, ou as obras na zona do Ladário da Lixa, prometidas como muitas outras há muitos anos pelos executivos socialistas e nunca feitas, deixando a Lixa como cidade de “segunda classe”, ou a Praça Dr. Machado de Matos que mereceu os maiores elogios por parte do arquiteto Siza Vieira, tanto pela forma como câmara acompanhou a obra com os seus técnicos, como pelo facto de não existir derrapagem financeira na obra, o que em Portugal não existe segundo o próprio  – e por outro, crítica os apoios sociais. Se eu não conhecesse a pessoa em causa, poderia dizer que é um verdadeiro caso de “bipolaridade”, critica o que foi feito, prometendo agora não só o mesmo como o reforço dessas mesmas medidas.
Mas os felgueirenses conhecem o que tiveram durante trinta e quatro anos de poder socialista e a diferença para bastante melhor em apenas quatro anos. Nós sabemos a imagem que o concelho tinha no exterior e o que cá se faz agora, o que existe o que foi feito.

Na última crónica, por lapso, referi que um candidato do PS atingiu o limite de mandatos numa junta de freguesia que não era alvo de agregação, quando na realidade atingiu o limite numa freguesia que foi agregada com outra. Apesar de não alterar a analogia que estava subjacente - que o PS defende nas suas fileiras uma coisa e tenta depois impugnar as candidaturas dos autarcas do PSD, alegando que estes não podem -, ao visado as minhas desculpas.
* Expresso de Felgueiras, 12 setembro 2013

sexta-feira, setembro 13

Agosto estival

Mesmo não estando no período de campanha eleitoral as máquinas partidárias estão quase a todo o vapor. Não apenas porque estamos a um mês das eleições e todo o tempo é pouco, mas porque a questão das impugnações e contestações a listas eleitorais autárquicas obriga a trabalho suplementar. Há decisões para todos os gostos e feitios, decisões diferentes proferidas pelo mesmo trabalho sobre as mesmas listas e ainda, veremos, a decisão final do Tribunal Constitucional.
Felgueiras não foi exceção. O Bloco de Esquerda, seguindo as mesmas orientações nacionais, impugnou a lista onde concorre à junta de freguesia. O PS Felgueiras, através dos seus candidatos, fez o mesmo, impugnando todas as listas onde houve União de Freguesias e o PSD apresentou como cabeça de lista, os anteriores presidentes de junta de freguesia. Entendeu o PSD, e na minha opinião bem, que passando a existir uma nova unidade territorial a questão da limitação de mandatos não se coloca. Dessa forma também o Tribunal Judicial de Felgueiras assim decidiu, prosseguindo assim as candidaturas. Até aqui tudo normal, não fora um pormenor. É que o PS Felgueiras, que impugnou as listas através dos seus candidatos, tem, nas suas fileiras um presidente de junta de freguesia recandidato, que atingiu o limite de mandatos, em que não houve União de Freguesias e, por isso, se encontra objetivamente impedido pela lei de ser elegível. Ou seja, o PS Felgueiras e o seu candidato Eduardo Bragança têm dois pesos e duas medidas, conforme seja sua, ou do adversário a candidatura, sendo que no caso do PS é uma clara violação da lei, uma vez que é na mesma freguesia (não houve união) e o candidato já atingiu o limite de três mandatos. O PSD Felgueiras não impugnou a lista do PS. Mas é esta a esquerda que temos; aquela que se acha dona da verdade moral e social, como escreve João Miguel Tavares na sua crónica do “PÚBLICO”. As discussões com a esquerda são sempre colocadas no plano moral, como se a decisão social da esquerda fazer algo é puramente sua competência e exclusividade e quando a direita as toma – e em Felgueiras tomou-as muito mais que a esquerda – é porque estão vendidos ao capital privado, a lóbis e interesses privados. E aí, passamos para a discussão de infantário onde se reivindica que as medidas foram poucas, ficaram aquém do prometido. Esse foi o mesmo princípio que Eduardo Bragança utilizou para votar contra (isso mesmo, contra) a atribuição de livros de forma gratuita aos estudantes do nosso concelho, alegando que ficava aquém do prometido. Isto é a mesma coisa que tendo sido prometidas fazer cinco estradas, se vote contra a construção da primeira porque não se constroem as cinco ao mesmo tempo. Não faz qualquer sentido, assim como o argumento do vereador socialista e agora candidato a gerir os destinos da câmara municipal, também não faz.

Vemos Portugal a arder de norte a sul, com os bravos guerreiros que são os bombeiros, mesmo completamente exaustos, a lutarem sem tréguas contra o crime que os incendiários cometeram. Até ao momento, e acabo de ouvir a notícia de mais um bombeiro que perdeu a vida, são já cinco os mortos de entre as suas fileiras. A todos os bombeiros e bombeiras deste país o meu sincero obrigado!
* Expresso de Felgueiras, 30 agosto 13

Nota: por lapso, referi que um candidato do PS atingiu o limite de mandatos numa junta de freguesia que não era alvo de agregação, quando na realidade atingiu o limite numa freguesia que foi agregada com outra. Apesar de não alterar a analogia que estava subjacente - que o PS defende nas suas fileiras uma coisa e tenta depois impugnar as candidaturas dos autarcas do PSD, alegando que estes não podem -, ao visado as minhas desculpas.